20/08/2014
Um evangélico na política

Compreendo o desencanto dos evangélicos com a política dos que fazem politicagem, que é o desvirtuamento da política como atividade cívica. Na verdade, a falta de idealismo e o uso da política como escada para conseguir vantagens pessoais são as causas desse repúdio do cidadão aos políticos.

Compreendo o desencanto dos evangélicos com a política dos que fazem politicagem, que é o desvirtuamento da política como atividade cívica. Na verdade, a falta de idealismo e o uso da política como escada para conseguir vantagens pessoais são as causas desse repúdio do cidadão aos políticos.

 

Pode ser utópico da minha parte, mas eu continuo pensando assim. Na vida política, ou você tem vocação para servir, ou é melhor nem tentar. Eu acho que só se justifica fazer política se você realmente acredita que vai fazer alguma coisa para mudar a qualidade de vida das pessoas.

 

Entendo que a política, o exercer uma função pública para o crente não chega a ser uma opção, assume uma espécie de obrigação para quem se julga apto e tem a exata compreensão de que a política é um meio de servir, muito mais do que ser servido por ela.

 

Peço a sua atenção para o que nos ensina o reformador Martim Lutero, nos fragmentos do texto “Política, fé e resistência”, escrito no final de 1522 - Inicialmente ele nos mostra a utilidade do poder político - “Se todos os seres humanos fossem cristãos autênticos, isto é, verdadeiros crentes, não seria necessários nem úteis príncipe, rei ou senhor, nem poder e lei. Para que esses serviriam? Eles têm no coração o Espírito Santo, que os ensina e não os deixa fazer o mal a ninguém. (...)”  Mas, “ Já que todo o mundo é mau e entre mil é difícil achar um único verdadeiro cristão,(...)”  e sem a autoridade do poder político (...) um engoliria o outro. Ninguém estaria em condições de ter mulher e filhos, trabalhar pelo sustento e servir a Deus. O mundo seria destruído. Por isso Deus fundou os dois domínios: o espiritual, que cria cristãos e pessoas justas através do Espírito Santo, e o temporal, que luta contra os não-cristãos e maus (...)” Assim, (...) é seu dever servir à autoridade e promovê-la de todas as formas, seja com a vida, bens, honra e alma. Pois se trata de uma obra da qual você não precisa, mas que é muito útil e necessária para todo o mundo e para seu próximo. Você vê que há falta de agente policial, juiz, senhor ou príncipe e se julga apto. Deveria então oferecer-se e candidatar-se para que, de forma alguma, a autoridade tão necessária seja desprezada, enfraquecida ou desapareça. Pois o mundo não pode e não consegue renunciar a ela (...) O verdadeiro cristão não vive na terra para si mesmo, mas para o próximo e lhe serve.” (grifos nossos).

 

Então, por mais desmoralizada que seja atualmente a atividade política, alguém tem que ocupar os cargos eletivos. Porque não podemos, ainda, prescindir do poder político. E se os bons não cuidarem disso, o poder fica nas mãos dos piores, ou dos medíocres. Se não participamos, se desistimos de influir nas decisões, a politicagem toma conta de tudo e se perde a esperança de que as coisas melhorem. O nosso silêncio abre espaço para que os opressores, como o espinheiro da parábola de Jotão (Juízes 9:8-15), assumam o poder.

 

      "O que mais preocupa não é nem o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem-caráter, dos sem-ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons."  - Martin Luther King

 

A omissão é a mãe da criança abandonada, da prostituta, do dependente de drogas, dos que não têm onde morar, dos que passam fome, dos desempregados. A omissão só gera miséria e violência em nosso país. Por conta da multidão de omissos, os legisladores estão estabelecendo leis anti-bíblicas, legalizando o aborto e o casamento entre seres do mesmo sexo e não desistem nas tentativas de amordaçar os pastores evangélicos.

Portanto, não me envergonho de militar na política, fazendo-a com “P” maiúsculo, pautando o nosso mandato em defesa da palavra de Deus, trabalhando com o ideal político do bem coletivo, de ampliar o possível e de criar oportunidades para todos.

 

 

 

Olimpio Oliveira