20/08/2011
Olímpio Oliveira: “O PMDB já deveria estar trabalhando um nome do partido para as eleições 2012”
Olímpio Oliveira: “O PMDB já deveria estar trabalhando um nome do partido para as eleições 2012”
Por Tatiana Brandão
Especial para o iParaiba
Combate às drogas, garantia dos direitos do consumidor, proteção dos animais. Estas são algumas das bandeiras de luta do vereador Olímpio Oliveira (PMDB). Reeleito com 4.502 votos, Olímpio se destaca entre os parlamentares campinenses como um dos mais atuantes da cidade. Formado em Direito, já atuou como Delegado da Polícia Civil e, hoje, dedica o seu tempo de folga para realizar palestras de prevenção às drogas e de valorização da vida e da família em toda a Paraíba. Nesta entrevista exclusiva ao portal iParaiba, Olímpio fala sobre os focos de sua atuação parlamentar e comenta, como não podia deixar de ser, sobre política. Ele destaca que o grande problema do Brasil é que, com relação às drogas, o governo não investe o que deveria na prevenção e no tratamento e, desta forma, fica “enxugando gelo”. “Se o governo investir para evitar a procura desenfreada por drogas é óbvio que a oferta irá diminuir”, diz. Sobre as eleições 2012, ele afirma que, na sua opinião, o PMDB já deveria estar trabalhando o nome do partido para o próximo pleito e defende o nome do vereador Fernando Carvalho (PMDB) como um dos mais fortes para concorrer à Prefeitura de Campina Grande e ser o sucessor do prefeito Veneziano Vital do Rego (PMDB). Confira, abaixo, a entrevista na íntegra.
iParaiba - O senhor tem pretensões de concorrer à Prefeitura Municipal de Campina Grande, em 2012?
Olímpio Oliveira - Não. No momento estou empenhado em fazer o melhor para a cidade, no mandato que o povo me confiou. Não cogito essa possibilidade de ser candidato a prefeito no ano vindouro.
iParaiba - Como o senhor vê a indefinição dentro do PMDB para o próximo pleito, que pode não ter candidato próprio e apenas apoiar um candidato de outro partido? O senhor não acha que não lançar candidatura própria enfraquece o partido?
Olímpio - Concordo. Há um dito popular que traduz esse sentimento: “time que não joga não tem torcida”. Na verdade, o nome já deveria estar sendo trabalhado. Temos nomes excelentes dentro do partido e eu não vejo razão para não estimularmos essas candidaturas. Por exemplo: um nome como o do vereador Fernando Carvalho é um quadro que representa muito bem o nosso partido e que deveria ser mais bem trabalhado por nosso grupo para ganhar “musculatura”.
iParaiba - O senhor vê com bons olhos uma possível aliança entre o PMDB e o PSDB para as eleições em 2012 e 2014? O senhor acha que isso é realmente possível?
Olímpio - Não acredito que essa ideia prospere. Creio que Campina não aceitaria bem essa política de conveniência, ou seja, de vale tudo para conquistar o poder.
iParaiba - Ao desenvolver o “Mandato na Rua”, quais são as principais carências que o senhor identifica existir em Campina Grande e o que pode ser feito para atender as demandas?
Olímpio - Em que pese os esforços do prefeito Veneziano para dotar a cidade de uma melhor infraestrutura, ainda há muito que se fazer. A cidade cresceu de forma desordenada e sem planejamento. Há muitas ruas e até bairros inteiros que reclamam da falta de pavimentação das artérias. Além disso, sentimos a falta de uma política de saneamento básico mais eficiente, na exata dimensão do que significa o que é saneamento básico, ou seja, aqueles serviços relacionados com o abastecimento de água, o manejo de água das chuvas, a coleta e tratamento de esgoto, a limpeza urbana e o manejo de resíduos sólidos. Entendo que essas dificuldades podem ser vencidas com a mudança da ordem das prioridades. A cidade é um sonho coletivo e as pessoas precisam entender que fazem parte da solução dos problemas. A ocupação do solo deve ser feita com a devida observância das regras estabelecidas. Não se admite a comercialização de condomínios e conjuntos habitacionais sem a devida garantia das obras de infraestrutura. É inaceitável que construções impeçam o curso natural das águas. Por outro lado, as pessoas precisam colaborar com a limpeza da cidade, evitando o descarte de resíduos em locais inadequados e reduzindo a produção de lixo. Enfim, precisamos construir respostas novas para problemas tão antigos.
iParaiba - O senhor é um grande defensor dos animais. Na sua opinião, como Campina Grande se encontra em termos de ações que garantam a proteção dos animais e o que mais poderia ser feito para que eles não fiquem tão expostos aos maus tratos?
Olímpio - Campina já esteve pior nesse campo das políticas públicas para o bem-estar animal. Para se ter uma ideia, até o ano de 2005, cerca de 700 animais eram sacrificados no nosso Centro de Controle de Zoonoses. Fruto de uma política de saúde pública ultrapassada, mas que vigorou por muito tempo nesta cidade. Enfim, por força da Lei Municipal nº 4.348/05, de nossa autoria, essa matança indiscriminada de animais foi banida de Campina. Isso representou um enorme avanço para a causa da proteção aos animais. Hoje temos urgência para que políticas públicas para o bem-estar animal sejam implantadas, pois a lei aboliu o método da captura seguida de morte indiscriminada de cães e gatos encontrados em vias públicas pelo Centro de Controle de Zoonoses. Mas a lei não se restringe a fazer cessar a matança, mas abre horizontes para mudança de paradigmas, ou seja, os animais vitimados por abandono deverão ser acomodados dignamente em instalações salubres e amplas e, depois de vacinados e esterilizados, encaminhados para a adoção. Essa é a nossa maior luta hoje.
iParaiba - Além do zelo com os animais, o senhor tem como grande bandeira de luta, entre outras, também o combate às drogas. No seu ponto de vista, o que tem levado cada vez mais jovens a entrar no mundo das drogas?
Olímpio - Inicialmente, creio que a família brasileira tem negligenciado no papel de mostrar caminhos para os filhos. Os pais têm enormes dificuldades para estabelecer limites para as crianças. Além disso, há uma tolerância muito grande com as drogas lícitas. A bebida alcoólica está sempre presente nos lares, principalmente, nos momentos festivos. Há pais que incentivam os filhos menores na iniciação do “beber socialmente”, confundem o ato de beber álcool com um sinal de masculinidade. Eu digo sempre que não conheço nenhum caso em que o jovem tenha começado a usar drogas, provando inicialmente o crack, por exemplo. A primeira droga geralmente é a bebida alcoólica e isso, lamentavelment, não tem sido levado a sério nem pelos pais, nem pelo governo. Se por um lado a família é negligente, por outro lado o Estado é omisso. Segundo o IBGE, na Paraíba, 52% dos jovens em idade escolar estão fora da escola. Fora da escola e presente em todas as estatísticas criminais. É preciso oferecer oportunidades a esses jovens. Sem oportunidades para o crescimento pessoal não há escolhas a fazer. A droga e o crime é um caminho inevitável.
iParaiba - O senhor acha que os poderes públicos, em todas as suas esferas, têm combatido como se deve o tráfico e o uso de drogas?
Olímpio - O grande problema do nosso país é que só há praticamente investimento para o combate ao tráfico, o qual é caro e ineficiente, pois se estima que apenas 10% da droga em circulação é apreendida.
O governo não investe o que deveria na prevenção e no tratamento. É como enxugar uma pedra de gelo. Qualquer pessoa sabe que só existe o tráfico porque cada vez mais há pessoas querendo consumir drogas. Ora, se o governo investir para evitar essa procura desenfreada por drogas é óbvio que a oferta irá diminuir. É a lei da procura e da oferta. Enfim, entendo que o sucesso da repressão é fundamentado numa prevenção eficiente.
iParaiba - Que ações poderiam ser executadas contra as drogas que apresentariam resultados em curto prazo? E o que precisaria ser feito para transformar a realidade que aponta um crescimento constante do uso de drogas, especialmente pelos jovens?
Olímpio - Investimento maciço na prevenção, a partir da valorização da escola. A escola tem que ser mais atrativa do que a “boca de fumo”. Não há melhor estratégia para enfrentar as drogas do que uma escola de qualidade, com professores motivados, que facilite o acesso a bons livros, ao computador e as demais ferramentas pedagógicas para que o jovem possa ter acesso ao mundo de oportunidades.
iParaiba - O parlamento municipal, em muitas ocasiões, sofre críticas da sociedade por não estar produzindo como esperado. O senhor, como integrante da CMCG, concorda com este tipo de crítica? Que avaliação o senhor faz do trabalho que é realizado pelos parlamentares campinenses? Acredita que a Casa poderia apresentar uma maior produtividade?
Olímpio - O problema não é de produtividade. Até que a nossa Câmara produz muito, entretanto, deixa a desejar, na minha modesta avaliação, no aspecto da qualidade daquilo que é produzido. Por não ter qualidade, a nossa produção é de pouca efetividade, ou seja, muitas das matérias aprovadas não conseguem sair do papel, porque o cidadão não participou do processo de construção delas. Logo, não tem pertencimento daquilo que foi aprovado ou a matéria não tem importância mesmo e está longe de representar a vontade popular. Enfim, há uma produção em larga escala para satisfazer estatísticas, mas que não tem qualquer relevância para o cidadão.
iParaiba - Para este segundo semestre legislativo, quais os projetos o senhor espera poder apresentar, ou seja, suas ações vão estar focadas em que setor?
Olímpio - Estamos apresentando a proposta da construção coletiva, colaborativa e participativa de um Planejamento Estratégico para Campina Grande, através, inicialmente, do Ciclo de Debates Campina 2030, que deverá evoluir para outros projetos e ações complementares, a depender do engajamento dos diversos atores que serão convidados para planejar a cidade que desejamos para o futuro, sem olvidar que o futuro começa aqui e agora. Estamos empenhados para construirmos uma Rede Social de Enfrentamento às Drogas no município. Nesse sentido, conseguimos aprovar o Projeto de Resolução criando o Ciclo de Debates “Crack e Outras Drogas: Construindo uma Rede para o Enfrentamento”, o qual tem por objetivo aproveitar a oportunidade em que o Governo Federal anuncia que a política sobre drogas é uma prioridade para mobilizarmos a sociedade campinense em torno dessa temática. No campo da promoção de políticas públicas para o bem-estar animal, temos dois projetos importantes em tramitação na Câmara: O projeto que dispõe sobre os requisitos básicos para a circulação de Veículos de Tração Animal no município de Campina Grande e o projeto que institui o Registro Geral de Animais para evitar o abandono de animais. Outro projeto importante que estamos trabalhando é o que atualiza a Lei Municipal nº 1.636/87, no sentido de garantir o direito das diversas pessoas portadoras de deficiência, as quais estão atualmente excluídas da gratuidade nos transportes coletivos urbanos desta cidade.
Redação iParaíba
Entrevista:Tatiana Brandão

FONTE: http://www.iparaiba.com.br