28/10/2010
Da guarita à pós-graduação: Vigilante da UEPB superou adversidades
RECONHECIMENTO e EXEMPLO: Da guarita à pós-graduação Vigilante da UEPB superou adversidades e hoje é especialista em administração e mestre pela universidade 
     Ninguém perde nada por tentar, e foi tentando que o então vigilante José Itamar Sales da Silva, hoje com 42 anos de idade, conseguiu, através da sede por conhecimento, graduar-se em uma universidade pública, se especializar e concluir um mestrado. Nem o próprio vigilante acreditava que o percurso da sua vida pudesse levá-lo até onde chegou.
      Mas as conquistas de Itamar não são coincidências da vida ou pura sorte, e sim o resultado de um esforço árduo na busca pela sabedoria e por uma chance de saborear o gosto da vitória, depois do amargo sabor da luta diária. De família humilde, o vigilante traçou uma história diferente da maioria dos que eram como ele, filhos de pais pobres e sem maiores expectativas de futuro. A educação, que partiu ainda mais de sua consciência do que de sua condição econômica, foi a única tábua de salvação para seus sonhos.
     A maioria dos alunos que entra no prédio do curso de Serviço Social, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), nem imagina o que aquele vigilante, discreto e que apenas cumpre sua atividade, já foi capaz de superar para vencer seus principais desafios. Ninguém poderia saber que um simples vigilante pudesse se tornar um graduado em História, formado pela própria universidade onde antes prestou concurso e foi aprovado, atuando hoje nesta função, também se tornaria um especialista em Administração, depois da realização de um MBA, e ainda mais, um mestre em Literatura e Interculturalidade. "Eu não poderia imaginar que pudesse chegar aonde estou. As oportunidades foram chegando e eu simplesmente não deixei escapar as chances que tive. Eu não ganhei nada de mão beijada, e desde criança aprendi a trabalhar duro para ajudar no sustento de casa", contou.
     A história de Itamar vai começar aqui quando ele tinha apenas 10 anos de idade, alguns anos depois que seu pai adquiriu uma deficiência por conta de uma diabetes. Naquela época, ele e seus outros irmãos começaram a passar por algumas necessidades, e a única salvação seria apenas o trabalho. O começo foi difícil e de "bico em bico", a família foi levando a vida. "Comecei vendendo picolé e lavando carros. Eu e meus irmãos sabíamos que o trabalho era a única saída", relembrou.
      Naquela época, a única ambição do vigilante era finalizar os estudos, concluíndo apenas o Ensino Médio, contudo o destino havia traçado um futuro diferente, mas que também iria exigir uma grande participação do seu principal personagem. "Desde a minha infância eu tive limitações que poderiam ter atrapalhado o meu percurso. Estudei toda a minha vida em escola pública e acredito que qualquer um é capaz de transformar a sua realidade", disse.
Família
     A garantia de que tudo podia dar certo vinha apenas de sua família, através de sua mãe e esposa, que a todo momento o estimularam a tentar sem medo. "A gente não luta sozinho, sempre existe alguém que nos fortalece. Foram momentos de muitas dificuldades e em algumas vezes de muita agonia, mas eu já sabia qual seria o resultado do meu esforço", explicou. A maior conquista de sua vida, o mestrado, fez com que ele aspirasse degraus mais altos e agora os planos estão concentrados para um futuro doutorado.

MATÉRIA: de Isabela Alencar

Edição de "O NORTE"

Domingo, 24 de outubro de 2010
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