04/08/2010
Governo Federal anuncia R$ 410 mi para combate às drogas
     O governo federal anunciou a liberação de R$ 410 milhões para ações de combate ao crack e outras drogas, além de um plano integrado de enfrentamento das drogas. O anúncio foi feito durante cerimônia da 12ª Semana Nacional sobre Drogas, da qual o presidente Lula participou. Para o presidente, "estamos diante de um inimigo desconhecido e que, muitas vezes, só conhecemos as vítimas (das drogas)".
     Hoje, segundo Lula, não existe nenhum país especializado no combate às drogas, que têm um "efeito muito devastador e, por causa disso, não temos tempo para ficar teorizando". O presidente disse que todos têm que fazer o que tiver ao seu alcance para combatê-las. "Tem que ser um movimento de todos juntos contra o crack", disse. "Tem uma coisa sagrada, precisamos travar uma guerra sem dó nem piedade contra o crack. Seja onde for, inclusive nas fronteiras", completou. O presidente reiterou que não se tem o direito de dizer quem é o responsável por esse combate. "Todos somos responsáveis".
Outro lado
     Lula comemorou os resultados de um ano da lei seca, lembrando um dado sobre o Rio de Janeiro, onde houve redução de 32% de mortes no trânsito. "A polícia não pode relaxar. Precisamos jogar pesado contra isso e a polícia precisa exercer sua função, porque as vítimas nem sempre são os que estão nos carros, mas sempre são inocentes", disse Lula, defendendo que as polícias estaduais assumam sua responsabilidade na fiscalização dos que dirigem depois de beber.
     A Alfândega do Porto de Santos apreendeu nesta segunda-feira mais de 1,5 tonelada de cocaína em dois contêineres que foram desembarcados no final de semana. O entorpecente estava escondido em uma carga de maçãs despachada da Argentina e tinha como destino final a Espanha.
De acordo com o inspetor-chefe da Receita Federal na cidade, José Antonio Gaeta Mendes, essa é a maior apreensão da droga feita no porto. "Em Guarulhos, quando apreendíamos 60 quilos de cocaína considerávamos uma grande apreensão", disse.
     A Receita Federal recebeu a denúncia de que o contêiner com a droga chegaria a Santos por meio da sua assessoria de assuntos internacionais, que mantém convênio com outras aduanas. "Soubemos em cima da hora e tivemos que articular a operação rapidamente", explicou.
Mendes disse que lanchas da alfândega acompanharam a chegada do navio para evitar que a carga fosse desviada. Segundo ele, 12 pessoas participaram da operação que agora está sob a responsabilidade da Polícia Federal.
Banco de dados
     A Polícia Federal está criando um banco de dados para identificar o perfil químico das drogas apreendidas no país e, assim, apontar sua origem e a rota pela qual passaram até chegar no local onde são comercializadas. A vantagem ao identificar as semelhanças químicas entre uma droga apreendida numa região e outra totalmente diferente é que os investigadores podem indicar se há formação de quadrilha, o que pode resultar no aumento da pena caso os traficantes sejam condenados.
     O chefe do setor de Perícias de Química Forense, Adriano Maldaner, disse que, além disso, as informações que são obtidas por meio dessa técnica podem contribuir para a melhor aplicação dos recursos destinados às politicas de enfrentamento às drogas. “Dependendo da situação, isso (a semelhança química na composição de drogas oriundas de diferentes apreensões) pode indicar que se trata de uma quadrilha, como foi em um caso envolvendo parentes presos em diferentes estados, que armazenavam drogas bastante similares em suas casas”, explicou.
     “Ao contrário do que muitas pessoas pensam, drogas de um mesmo tipo são muito diferentes entre si, quando produzidas em diferentes regiões. E, quando são parecidas, são realmente muito parecidas. Isso nos permite afirmar, com um alto nível de acerto, se elas são de uma mesma origem”, disse Maldaner. Essas características abrangem pequenos resíduos de substâncias que vêm da planta e que não são retirados durante o refino.
Com o Projeto Pequi, a expectativa da PF é implementar – de forma descentralizada e paralelamente ao Instituto Nacional de Criminalística – metodologias de identificação da origem geográfica das drogas nas capitais de todos os estados